No geral, quando falamos em veganismo, automaticamente, nossas referências se voltam para Europa e Estados Unidos, teóricos, organizações, documentários, ativistas. Sim, o veganismo, o termo cunhado, foi criado lá. Mas a prática antiespecista, a alimentação vegetal e sem violência é anterior à criação da palavra "vegan". Desde que viramos veganas, escutamos em discussões como que para encerrá-las a expressão “não, mas a Vegan Society diz que…”, “mas a Vegan Society fala que é na medida do possível e praticável, etc…”
Mas será que é esse veganismo que queremos aqui?
Faz sentido aplicar as mesmas estratégias de luta do colonizador, conquistar “a libertação animal” reproduzindo a sua visão comoditizada da natureza? Faz sentido viver nessa relação de quintal, lixão e esgoto do norte global, com nossa diversidade sendo destruída? Faz sentido, tudo isso em um contexto do Brasil em 2021?
Precisamos sempre refletir POR QUE lutamos, COMO lutamos, DE ONDE lutamos e POR QUEM lutamos. A gente aqui acredita que podemos ir além das definições da Vegan Society, a partir de uma visão decolonial do imaginário, do nosso veganismo.
A arte da capa desse episódio é da série Geometria Brasileira da artista Rosana Paulino.